sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Quando a Vida Era Comprida

INSONDÁVEIS AFAZERES é um projeto que tem como base o encontro, a convivência, os sonhos e as madrugadas que Camilla Sarno e Taciano Vasconcellos compartilham desde muito. Abraçado por Gabriel Zunga e Israel Lima, o projeto agora apresenta sua primeira música. Escrevi a letra ao voltar para casa depois de uma conversa com minha avó paterna, ela me contando dos seus tempos de menina. É para ela. QUANDO A VIDA ERA COMPRIDA (Taciano Vasconcellos/Mateus Borba) Leve de encanto Em seu tempo de menina Costumava tecer sonhos Com paciência fina Como melodia em pauta Que não desafina Caminhava por aí Com pés de bailarina Era de Amor, que se vivia Num tempo em que o tempo Desconhecia a pressa E na hora certa o tempo vinha

Era ciranda E, no cabelo, uma flor bonita Era coisa de criança Quando a vida era comprida Era de Amor, que se vivia Num tempo em que o tempo Desconhecia a pressa E na hora certa o tempo vinha


Voz- Camilla Sarno Guitarra e Loop - Taciano Vasconcellos Baixo - Israel Lima Bateria Eletrônica - Gabriel Zunga Edição Áudio/Vídeo- Israel Lima

sábado, 8 de agosto de 2020

Sou eu

Colhendo sombras do sol que plantei
Hasteando trapos de uma bandeira morta
Cavando o chão com passos ao redor
Da minha própria sorte

Sou eu

O inevitável grito sufocado
A espera inútil pelo fim das horas
Da solidão, marcha de um homem só
Sob o tambor da morte


O riso amarelo e covarde
O medo que paralisa
O mal que a boca preconiza
A certeza de que agora é tarde


Sou eu


(Mateus Borba)


sexta-feira, 5 de junho de 2020

SONETO PARA MORENA

Menina minha, Morena
Olhos de rio escuro

Que deságua, manso e puro
No mar da vida, onde és plena

Onde és paz e correnteza
A força que move a alegria
A cor da essência do dia
Que é força e delicadeza

Vieste-me em recordação
Nesta noite, em que um vento agitado
Espalha, em meu peito, a saudade

O Amor que há no coração
Deste tio - velho, triste e cansado
Por ti, é mais que a eternidade


(Mateus Borba)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Sobre o rio
A luz do dia

Derretia
Manto de ouro

Da corrente
A voz se ouvia
Dizia
Trazia lá do longe

Conversas de outros rincões
Pedra de pisar macio
Córrego amansando a beira
Que o Amor espera
Paciência de rio

Olho d'água
Da retina
Cristalina
Lágrima turva

Leito estreito
Desatina
Nem via
Desmantelando a curva

Inundando as ilusões
Pedra de peito vazio
Tromba derrubando a beira
Que o Amor desperta
Violência de rio


(Mateus Borba)

sábado, 25 de janeiro de 2020

A MINHA BONITA

Refazer

Cada noite levada pelo dia
Renascer
De cada sorriso teu
A minha alegria
Bem vinda à minha vida

Registrar
Em pedaços teus os meus beijos
Respirar
Em todo desejo teu
O meu desejo
Te vejo infinita

E me encontrar no que vejo em teu olhar
Ser só assim, sem direção
Senão a que leva a desvendar
O fundo da fonte do teu coração

Reescrever
Em tuas linhas a minha vontade
Navegar
Ao sabor dos ventos teus
Transformar a saudade
Agora sei, Bonita

(Mateus Borba)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Eu não sei
De mim, nada
Do mundo, o mínimo
Eu
Velho e inútil menino

A boca aberta
À espera de que pousem
Respostas

O futuro, uma fresta
Nada mais me resta:
Vida eterna em linhas tortas


(Mateus Borba)

quarta-feira, 14 de março de 2018

O corpo
Oco
Casca seca
Sobre nada
Nada
Que seja mais
Que ainda pouco

O corpo
Casca
Já desfeita
Sobre o oco
Corpo
E do que sobra
Já nem pouco

Agora oco
E nada sobre
Senão a lâmina
De um sol de cobre

Reduz-se o corpo
A uma lágrima
Até que suma
E nada sobre


(Mateus Borba)