Desfiar
na métrica
Uma
ambição lírica
Fazer
parecer rimar a música
Repetindo
a tônica
Num
exaurir silábico
Encaixar
qualquer palavra flácida
Simular,
com a voz, um falso êxtase
Emitir,
enfático
Com
o corpo em frêmito
Elencar
em versos todo o léxico
Em
tom de barítono
Sobre
um gozo harmônico
E
pose de quem detém a fórmula
Entoada
em proparoxítonas
Exibir
a lâmina
Fina
de vocábulos
Afiada
em anos de gramática
E
um domínio único
Do
saber melódico
De
deixar embasbacado o público
E
compor um disco cacofônico
Alcançar o píncaro
Da arte performática
Imortalizado em foto histórica
Da plateia, a dádiva
Da resposta uníssona
Numa devoção quase litúrgica
Própria de uma massa histriônica
Mesmo
a mais tísica
Das
frases inválidas
Pode
se passar por dom sinfônico
E,
ao tentar ser vívida
Recair
num lívido
E
causar no ouvinte uma dor nevrálgica
Revelando
a máscara do cínico
(Mateus Borba)
Poesia: 1970
ResponderExcluirTudo o que eu faço
alguém em mim que eu desprezo
sempre acha o máximo.
Mal rabisco,
não dá mais para mudar nada.
Já é um clássico.
Paulo Leminski
hey, o que aconteceu que nada mais aconteceu por aqui? :/
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