sábado, 13 de novembro de 2010

Pesa a tarde fria e sem canção
O silêncio que desliza e se espalha
Como o que vem depois de um olhar
Que não se sustenta

Pesam as correntes antigas que arrastam
Os mais de mil fantasmas que habitam
As histórias de tempos que ainda me têm

Meu estado é líquido, agora
E a luz transpassa como flecha cega
E sem alvo
Corpo líquido, alma fora
E dois olhos deixados na neblina

Não há mais nada, a não ser a espera
E eu escorro, quase tempestade
Inundo os olhos com alegria ausente

A tarde insiste em não me dizer nada
Ficam as mãos vazias de algum gesto
E o tilintar sombrio das correntes


(Mateus Borba)

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