terça-feira, 12 de julho de 2011

Alice

Num dia em que as horas custavam a passar
Como se os ponteiros do tempo fossem enferrujados
Num dia qualquer em que a vida
Parece estar atrasada

Eu era mais um entre uns
Que deixam nas mesas coisas que não se diz
Num dia qualquer depois do dia
Em que eu fui feliz

Quando a noite, enfim, fez-se só
No céu onde havia a manhã
E os barulhos que só existem na noite
Tornaram-se a solitária canção

Eu me perdi entre algumas mentiras
Que o meu coração insistia em contar
Embaralhei nós dois
Com as dores de outro lugar

E, falando alto, desfiz minhas promessas
Maldisse a felicidade de um dia
Rasguei da lembrança todos os retratos
Onde aquele sorriso aparecia

Então o tempo, que era tão devagar
Nesse momento, de uma vez, estancou
E eu vi Alice desaparecendo
E o tempo nunca mais passou


(Mateus Borba)

2 comentários: