terça-feira, 16 de agosto de 2011

A Casa Antiga

Havia um verde vasto
Pé de tudo e de nada
E o campo de areia branca
Que mal conseguíamos cruzar
Nele, os homens se reuniam
Bola correndo entre os pés
E eu, correndo entre eles
Me sentia menino crescido

Havia um morro comprido
E, além do morro, uma árvore
Saída de algum desses livros de imaginação

E havia a casa de portas abertas
O cheiro constante de comida no fogo
As risadas da família
O salão de pedras vermelhas

Lembro da goiabeira
Meu lugar preferido no mundo
(Meu mundo era a casa e o redor)
De lá descobria telhados
Brincava de não temer a altura
Achava ter pés de gatuno
Por deixar as telhas inteiras
Mesmo quando, descoberto
Andava sobre elas com passos ligeiros

Havia meus pais, minhas avós, primos e irmãos
E as minhas melhores lembranças do que é ter uma família

À noite, os barulhos sem nome
Que a casa grande respondia
E a gente imaginando perigos de crianças

Ali o mundo era vasto
E eu, menino, não sabia
Que aquilo era felicidade
Como nunca mais eu teria


(Mateus Borba)

2 comentários:

  1. Todas essas memórias desses tempos...

    Muito,lindo,meu bem!
    Muito lindo mesmo.

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  2. Mateus, tem um selo pra você no Bem-me-quer.

    Um beijoo'o

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