quinta-feira, 31 de março de 2011

Do Que Se Perde

Porque os dias bons
Aqueles que cheiram à dança debaixo de chuva
E a corpo suado depois do parque
E a cafuné do Amor da gente
E a “dez e meia, naquele bar de sempre”
E a uma dúzia de qualquer carinho
Ou ao carinho certo

Porque esses dias, meu bem
Viraram pingo d’água no canto do olho
Que não cai - nem deve cair
Mas que não volta

Porque hoje chove, e eu não danço
E eu estou cansado demais pra ser feliz
E penso no maço que tá acabando
E no telefone, que já nem me faz falta

Hoje eu só lembro de quando não tinha medo
E ria do tempo e do abismo
E dos que diziam que felicidade
É um ponto longe que está sempre longe
Como o coelho morto amarrado na testa do cachorro que corre

Mas eu ria do tempo e do medo
E achava que poderia correr o bastante

Porque aqueles dias, meu chapa
Hoje duram só o tempo em que nossos olhos se mantêm alinhados
Até cada qual olhar pro seu lado
E lembrar que já passou da hora


(Mateus Borba)

3 comentários:

  1. Dolorido e lindo:
    "
    Porque esses dias, meu bem
    Viraram pingo d’água no canto do olho
    Que não cai - nem deve cair
    Mas que não volta
    "

    ResponderExcluir
  2. Porque quando eu te leio é que me lembro o quanto você é lindo e que nada tem jeito de mudar isso.

    ResponderExcluir
  3. eu sofro com cada verso seu.

    ResponderExcluir