Todas as tardes, quando o sol prepara seu mergulho no mar, ela sente saudades. Por isso ela telefona quase sempre. Diz que seria melhor se fosse menor a distância, e que sempre passa o mesmo perfume antes de ligar: "É pra parecer que te vejo", diz com ares de sorriso. Fala sobre como está o céu e lembra de como ele se vestia na noite em que descobrimos nossos nomes. "Será que hoje será a mesma noite?".
Ela diz que não sabe o que fazer: se arrisca aquele emprego ou se espera alguma surpresa - as surpresas sempre lhe foram favoráveis. "Como a gente", deixa escapulir com timidez.
Uma vez, ela me disse que gostava das minhas mãos, de como elas diziam tanto sobre mim, e que nossas mãos ficavam muito bem abraçadas.
Quando chega a hora de desligar, há sempre o mesmo ritual: trocamos palavras que nós inventamos e ficamos alguns minutos em silêncio, ouvindo apenas nossa respiração. Nunca dizemos "tchau". É assim que nos despedimos, e é assim que nos deixamos guardados um no outro até o próximo encontro.
Às vezes ela prefere não ligar, aquece o corpo e o sorriso reacendendo nossas lembranças. E eu fico pensando nela enquanto o sol se despede.
(Mateus Borba)
O final, fez tudo ainda mais bonito :)
ResponderExcluirÉ triste e bonito e muito mais bonito que triste ... ou não? ...
Pelo menos há presença na ausência também
beijos ...
Que coisa linda, Teu!
ResponderExcluirHá muito sentimento nessas palavras... lindas palavras!