sexta-feira, 23 de março de 2012

Ando tão sem saber, que baratinei. Meu tempo parece sempre o último pedaço de linha, que nada sustenta e onde nada cabe. Livros atropelam letras que atropelam visitas que atropelam a ida que, por sua vez, atropela momentos que atropelam canções que atropelam filmes que atropelam dias que ultrapassam o tempo que tenho para fazer tudo que quero. Preciso de braços maiores para abraçar tudo e todos. Preciso que o mundo caiba nesse vão por detrás do meu peito. Em meus olhos não cabe tudo que enxergo. “Me ajuda a ver”, dizia o conto. Está tudo espalhado, e é tudo tão bonito, e há mais coisas do que imagino, e eu quero tudo. E eu sou só um. Sou eu e mais nada, além do meu tempo, que pende frágil numa linha tão curta.


(Mateus Borba)

3 comentários:

  1. É o desespero do desamparo. Estamos todos sujeitos a isso. Há tantos lugares e ao mesmo tempo não há espaço para nós em lugar nenhum. E é bem Quintana, vendo assim:

    Se as coisas são inatingíveis… ora!
    Não é motivo para não querê-las…
    Que tristes os caminhos se não fora
    A mágica presença das estrelas!

    ...

    beijo

    ResponderExcluir
  2. Quando nos deparamos no desespero da escrita e do pensamento, viajamos nesse mundo em que tudo procuramos, tudo queremos e tudo buscamos, mas, a vida é isso enquanto vivemos, a cada instante esperamos, buscamos e sentimos em cada palavra. Parabéns! Suas palavras são puro sentimento! Adorei!
    Abraços...

    ResponderExcluir