Como uma
criança, que, quando cai, busca um olhar onde se apoiar, tentei, às cegas, um
porto. Me afoguei. Meu corpo, depositado sob o peso da eternidade, jazia com
olhos de estátua. Eu era todo passado, nunca mais porvir, apenas o feito e dito
e calado e explodido e sufocado. Sem possibilidades, sem remédio, sem segunda
chance.
Morrer não doía, mas incomodava o silêncio zumbindo de fundo de mar. Me afoguei. Era dia quente, o horizonte fingia um sorriso. Eu era só aquilo mesmo, uma confusão precipitada querendo arrebentar ondas.
Morrer não doía, mas incomodava o silêncio zumbindo de fundo de mar. Me afoguei. Era dia quente, o horizonte fingia um sorriso. Eu era só aquilo mesmo, uma confusão precipitada querendo arrebentar ondas.
Minha boca
se inundou de sal, busquei, com olhos inchados, qualquer mínima vida, o
conforto de qualquer suspiro. Me afoguei. Não doía. Apenas os músculos, tomados
de uma convulsão instintiva, ardiam. Queria a terra firme, a segurança dos pés
fincados, os olhos calmos, só o gosto distante da maresia.
Acordei com um grito engasgado. A cama e os móveis, mudos. Chorei.
E o tempo se moveu.
(Mateus Borba)
Sei lá.
ResponderExcluirMilhões de coisas passaram em minha cabeça agora.
Mas o sofrimento mais dolorido é bem assim.
Quando a gente acha força pra reagir e acorda, a dor já foi. Só fica o choro que parece que dura uma vida.