sábado, 6 de agosto de 2016

Na varanda
Eu escrevo e fumo
Aqui eu sinto o tempo
E ouço a respiração da Terra

Na varanda, eu bebo
Mais uma cerveja enquanto fumo
E fumo enquanto escrevo

Aqui
A madrugada é mais madrugada
E é nela que me sinto inteiro -
Eu sou da madrugada

Daqui ouço o galo
Que canta fora do horário
(Hoje ele nem cantou)

Na varanda, agora
Tenho que ter cuidado
Ando com pés mansos
Nas pontas dos cascos

É que, no xaxim de sempre
O mesmo velho passarinho
Voltou para fazer ninho
Como sempre fez

Cuido para não acordar
O passarinho que não fuma
Nem vê que a madrugada
É mais madrugada agora

Eu escrevo o que me cabe

O passarinho tem outras histórias


(Mateus Borba)

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